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Mostrando postagens de março, 2022

O julgamento materno

Tá grávida? Vai ser normal ou cesariana? Parto normal? Tem que ser doida em querer sofrer. Parto cesariana? Mas o parto normal é a melhor opção. Nasceu o bebê? Foi cesariana? Ela não foi "forte" o suficiente para um parto normal. E o bebê já pegou no peito? Ainda não?  Ele vai ficar com fome desse jeito. Seu leite é fraco, não está sustentando  esse menino por isso que ele só chora, dá logo uma mamadeira pra ele. Você deu mamadeira? Nossa como pode não amamentar o filho no peito, é o alimento mais saudável que existe. Esse menino só vive no colo, por isso tá mimado desse jeito. Ele tá magrinho demais, dá engrossante pra ele engordar. E você já voltou a trabalhar? Vai ficar "só" em casa cuidando de criança? Voltou trabalhar e deixou o bebê na escolinha? Tadinho. Ele ainda usa fralda? Já passou da hora de ensinar ele  a usar o banheiro. Esse menino é muito birrento, você precisa ser mais firme com ele. Nossa, mas como ele é quietinho, será que tem alguma coisa? Não é

A canção do amor

   Quando meu filho era bebezinho eu sempre cantava várias músicas para ele dormir. Dentre elas há uma em especial que eu sempre gostei muito da cantora Priscila Brenner.    Aqui um trecho da letra: “Com você eu vi despertar as coisas da alma. E eu só queria mais mil anos pra viver seu primeiro ano outra vez. Tempo que eu nem vi passar, tempo vai com calma, que todo tempo é pouco, o tempo vale ouro.”    Já fazia muito tempo que eu não cantava essa música para ele, então acreditava eu que ele talvez nem lembrasse desta letra. Até que um dia desses, enquanto eu mexia no celular, ela começou a tocar pelo aplicativo de músicas aleatoriamente.    Logo  meu filho veio até mim todo feliz dançando e cantando do jeitinho dele, ele me abraçou e ficou no meu colo ouvindo a canção e cantarolando ela.    Eu me emocionei e lembrei em todas as noites que eu já havia colocado ele para dormir ao som desta canção, e  pela primeira vez ele que a cantou pra mim. Lágrimas percorreram pelo meu rosto e me se

E a identidade da mulher após a maternidade?

 Todos se preparam para a chegada de um bebê, mas você já parou para pensar que muitos não se preparam para a chegada dessa mãe ?  Embora perguntem se ela precisa de algo, ajudem ela com os cuidados da casa e do recém nascido, acredito que muitos não estão preparados para recebê-la nesta nova versão. Ela que passou a vida inteira sendo uma pessoa, vai para o hospital sozinha e retorna com um filho nos braços e se torna mãe da noite pro dia. É uma virada de chave muito louca para ela processar. Pode-se levar dias e até meses para que ela compreenda de fato essa sua nova realidade. O que as pessoas mais vão lhe dizer é sobre os cuidados com o bebê sobre o que ela deve ou não fazer e tudo mais.  Mas e ela? Como ela deve lidar com este novo papel? Quem ela realmente é a partir de agora?  As respostas para essas perguntas ela vai ter que descobrir sozinha exercendo a sua maternidade. Ela precisa ser acolhida com muita empatia, mas nem sempre é recebida assim. Há quem a julgue com olhares

Livro: Longe da Árvore - Capítulo 3: Nanismo

Sobre o capítulo:  Andrew retrata a temática do nanismo. Ele destaca aspectos de como cada família descobriu o diagnóstico de seus filhos e se sentiu em relação a isso. Os impactos na saúde das pessoas com nanismo e as dificuldades que enfrentam no convívio em sociedade  devido à sua deficiência. Estereótipos sobre eles  para a sociedade: A população em geral não sabe que "nanico" é um insulto, e a maioria das pessoas que usam essa palavra o faz sem má intenção. O uso de uma palavra inadequada é prova de preconceito, se quem a utiliza não sabe que a palavra é estigmatizante? A visibilidade implacável dos anões é amplificada por seu lugar emblemático em contos de fadas como seres sobrenaturais, um fardo que não é compartilhado com nenhuma outra deficiência ou grupo com necessidades especiais. Falta de preparo e sensibilidade dos médicos para darem o diagnóstico aos pais: Alguns médicos interagem inicialmente com esses pais, que muitas vezes se lembram de terem sido notificado

Carta para minha futura nora

Desde o meu ventre meu filho foi aguardado com muito amor; Durante meses meu seio foi alimento que o nutriu; Meus braços foram exclusivos para carregá-lo pra todo lado até ele aprender a andar; Por anos eu fui sua única cuidadora em tempo integral; Quando passeávamos sempre que ele se cansava meu colo estava disponível para levá-lo por todo o trajeto; Quando ele se assustava vinha correndo para perto de mim para se sentir protegido; Eu perdi a conta de quantas refeições eu lhe preparei, quantos banhos eu lhe dei, quantas noites o coloquei para dormir, quantas vezes o levei para escola, para o médico, e o ensinei o que é certo e errado; Embora eu sempre soubesse  que chegaria o dia que ele encontraria alguém especial e que faria seu coração acelerar eu preferia não pensar muito sobre isso. Parecia ser uma realidade muito distante. Então aproveitei intensamente cada ano que ele esteve sob os meus cuidados. Durante toda a vida dele até aqui eu fui a pessoa mais importante para ele; Até qu

Livro: A morte é um dia que vale a pena viver

    Em A morte é um dia que vale a pena viver, Ana Claudia Quintana Arantes, médica formada pela USP, referência em cuidados paliativos no Brasil nos apresenta a morte sob uma nova perspectiva.  Ela que embora seja a única certeza que temos nesta vida e que é encarada  como um verdadeiro tabu em nossa sociedade.    Durante a faculdade, quando Ana Cláudia via alguém morrendo em grande sofrimento, ela perguntava o que seria possível fazer pelo paciente e todos lhe diziam sempre a mesma coisa: nada. Ela não se conformava com essa resposta e mediante essas experiências com a profissão chegou a abandonar a carreira profissional por um tempo, pois preferiu se distanciar deste mundo onde vidas abandonadas esperavam pela morte no hospital, mas o chamado pela medicina continuava vivo dentro de si, e ela não conseguiu silenciá-lo por muito tempo.    Quando retornou, passou a se dedicar aos cuidados paliativos, que se trata da assistência integral  que a medicina pode proporcionar a um paciente c

Seu filho não nasceu para atender as suas expectativas

É muito comum os pais  projetarem expectativas suas em seus filhos. Eles pensam: Como que ele será? Do que vai gostar? Pra que time vai torcer? O que ele vai ser quando crescer? E por aí vai. Embora seja comum esse tipo de pensamento,  os pais precisam entender que seus filhos não nasceram para atender às suas expectativas. Você pode ler, estudar e se preparar para o tipo de parto que deseja, e ainda assim o filho chegar antes da hora e o sonhado parto não acontecer como  esperado; Você pode preparar o quarto dos sonhos, para então perceber que seu filho vai dormir mesmo é no carrinho ao lado da cama; Você pode tentar fazê-lo dormir no berço e ele só dormir no aconchego do seu  colo;  Você pode  fazer a rotina do sono, niná-lo, andar pela casa inteira, e ele ficar com os olhos bem abertos sem a mínima vontade de dormir; Você pode se preparar para a introdução alimentar, esperar que ele goste das frutas e legumes, e por dias ele recusar todas as opções que lhe são oferecidas; Você pode

Mãe, eu enxergo você

     Desde que meu meu filho nasceu, eu passei a enxergar as mães através de um novo olhar.      Antes da minha experiência com a maternidade, quando eu encontrava alguma mãe com seu filho  eu olhava primeiramente para a criancinha fofinha, enquanto ela passava despercebida por mim.     Hoje eu vejo essa mulher com muita empatia, seja  pelas noites em claro que ela passou, pela preocupação com o filho doente ou pela sobrecarga que ela enfrenta todos os dias exercendo a sua maternidade.    Consigo sentir suas dores sejam elas  físicas pelo cansaço constante ou emocionais devido às transformações que a maternidade lhe trouxe.     Por trás de  uma criança alegre e bem cuidada existe a entrega e dedicação de uma mãe que  se doa por completo e que se deixa sempre em segundo plano.    Essa mesma  criança que antes eu olhava imediatamente e sequer notava aquela que era responsável pela sua sobrevivência.    Me coloco em seu lugar mãe, pois sei  das lutas que você enfrenta e sei também o quant

Filhos não são muletas dos seus pais

     Ao assistir um programa de entrevistas os apresentadores e convidados debatiam sobre o tema filho muleta, e ao ouvir os relatos, me interessei bastante por  este assunto. Mas afinal o que significa este termo?      É quando os pais usam de manipulação afetiva para que os filhos atendam às suas expectativas.  É negado  a eles o direito de viverem suas vidas da forma que desejam, para que não se afastem do ninho, pois é confortável e cômodo para os pais terem suas crias debaixo de tuas asas os manipulando, para que ajam de acordo com seus interesses.      Isso acontece porque este adulto, foi condicionado a sua vida inteira a pensar assim, e quando tenta se desvencilhar desta situação, fazem com que ele se sinta ingrato e alguém ruim, por escolher o que é melhor para si, afinal ele deve tudo aos seus pais certo? Errado. Não é porque eles se dedicaram aos filhos,  que os mesmos devem viver em função de seus pais para lhes “pagar” uma dívida.  Isso é pura chantagem emocional.    Est

Livro: Nada pode calar uma mulher de fé

     “Este não é um livro sobre a dor que eu vivi, mas sobre a dor que eu venci", com esta frase Eyshila nos diz sobre o que se trata seu livro: Nada pode calar uma mulher de fé.      Eyshila é uma cantora gospel popular. Em 2016 seu filho primogênito Matheus morreu devido ao agravamento de um quadro de meningite viral. Ela sempre esteve muito envolvida no seu ministério de louvor e propagação da palavra de Deus, e diante da situação mais difícil de toda a sua vida, precisou buscar forças em Deus para continuar após esta perda irreparável.      Em um trecho do livro, a autora nos relata que uma mulher ao encontrá-la lhe perguntou se ela era a mãe que tinha perdido o filho, Eyshila lhe deu a seguinte resposta:   "Não, minha amada. Eu não perdi meu filho. A gente só perde alguém quando não sabemos onde esta pessoa está. Eu sei exatamente para onde meu filho foi; ele foi para os braços do Pai.”      A autora deixa bem claro que não há nenhum manual de instrução para o luto. Ela

Se a mulher muda após a gestação porque seu corpo deveria continuar igual?

    Quando eu estava grávida ouvi de alguém  que eu estava "gordinha". Embora eu tenha ficado com muita vontade de responder a altura, eu dei as costas e deixei a pessoa falando sozinha. Aquele comentário inconveniente me deixou indignada com toda certeza.      Quando a mulher engravida ela tem a plena consciência de que vai engordar,  e um comentário deste chega a ser uma grande falta de bom senso.    Seu corpo se torna lar de um novo ser. A saúde do seu filho é sua maior preocupação, já o peso que ela vai alcançar  é algo sem muita relevância.    Cheguei a ouvir também que a minha barriga era "pequena demais ", "que não parecia estar de tantos meses", como se algo estivesse errado na minha gestação já que "esperavam" um tamanho maior de barriga de grávida.      Mais uma vez pessoas dizendo o que acham sobre o corpo de uma mulher, sem ela ter pedido opinião alguma.    Eu  não fiquei pensando muito sobre meu peso na gravidez e nem no pós parto, m

Livro: Longe da Árvore (Cap.2 surdos)

       No capítulo 2 do Livro Longe da Árvore Andrew Solomon aborda o tema Surdos, onde é relatado experiências de pessoas surdas, suas relações familiares, a forma como se enxergam e são vistas diante da sociedade também.      O trecho a seguir é bem importante para que possamos compreender um pouco sobre a cultura surda: "A maioria das pessoas que ouve supõe que ser surdo é carecer de audição Muitas pessoas surdas vivenciam a surdez não como uma ausência, mas como uma presença. A surdez é uma cultura e uma vida, uma linguagem e uma estética, uma fisicalidade e uma intimidade diferente de todas as outras. Essa cultura existe numa separação mais estreita entre corpo e mente do que aquela que constrange o resto de nós, porque a linguagem está enredada nos principais grupos musculares, não apenas na arquitetura limitada da língua e da laringe."   Os implante coclear é uma questão polêmica abordada no capítulo:      Para a comunidade surda há controvérsias quanto aos implantes c

A carreira profissional e os obstáculos da maternidade

   Há um tempo atrás, ao conversar com uma amiga que também é mãe, ela compartilhou comigo a experiência de uma entrevista de emprego da qual participou. Ela me disse que as perguntas se resumiam sobre a sua condição enquanto mãe:  Quem cuida do seu filho? E se ele ficar doente com quem ele vai ficar?  E se a pessoa que cuida dele não puder ficar, como você vai fazer? e por aí vai. Ela desabafou o quanto se sentiu mal pela abordagem da profissional de RH que praticamente não deu muita ênfase para sua formação acadêmica e suas experiências profissionais, e sequer ligou para lhe dar uma resposta, mesmo que negativa. Ao ouvir este relato me peguei pensando em como  é difícil ser mãe e conciliar a carreira profissional ao mesmo tempo.     Para que a mulher consiga estabelecer uma boa carreira profissional há de se concordar que a maternidade deve ser deixada em segundo plano. É preciso ter tempo para se dedicar  ao trabalho, e um filho precisa ser muito bem planejado.   Em contrapartida p