Eu sempre gostei de estar rodeada das pessoas que eu gosto e fazia questão de demonstrar afeto por elas. Eu queria que as pessoas sempre soubessem que eram importantes para mim.
Mas inconscientemente eu desejava receber afeto de volta das pessoas. Devido à carência afetiva materna que eu tive na minha infância.
A minha mãe também teve carência de afeto familiar, e muitas pessoas da família também tiveram essa mesma falta.
Durante muitos anos, se eu não recebesse de volta qualquer demonstração de afeto ou atenção das pessoas, eu acreditava que não gostavam de mim. E era um pensamento predominante na minha mente devido inseguranças que eu sequer sabia que existiam.
Eu não queria ser a pessoa mais especial do mundo. Eu queria estar perto das pessoas que eu gostava e fazer parte da vida delas. Eu queria me sentir pertencente a algum lugar.
Eu me sentia sozinha na minha casa e na escola primária. Eu era a aluna mais quieta da sala, fazia minhas lições e conversava com poucos amigos. No terceiro ano do ensino médio eu fiz mais amizades e peguei o contato do povo porque não queria que a amizade acabasse depois da escola.
Eu me sentia deslocada na igreja e até nos lugares que eu trabalhei eu tinha muita dificuldade de me enturmar com as pessoas. Eu fazia o meu trabalho e ia embora sem muita conversa paralela.
Nos cursos que eu fazia, curiosamente eu conseguia me sentir mais a vontade para fazer amizades sinceras. Eu compartilhava meus sentimentos e frustrações com amigos.
Quando eu fiquei grávida criei altas expectativas: imaginei que meu filho poderia conviver com as pessoas que eu sempre gostei.
Eu era uma menina sonhadora e idealizava muitas coisas que não são possíveis no nosso mundo real cheio de tantas adversidades e tribulações.
Com a chegada de uma pandemia, eu me vi sozinha cuidando de um bebê, morrendo de medo de encontrar pessoas. Deixei de ir para festas de aniversários, casamentos, encontros sociais e cuidei da minha casa, do meu marido e do meu filho.
Eu precisei ficar sozinha durante muito tempo para entender quem eu sou verdadeiramente em Deus. Neste tempo solitário eu li muitos livros, e encontrei uma melhor amiga na escrita.
Através da escrita Ele me deu a voz que durante muitos anos foi silenciada. Ele curou traumas que eu sequer imaginava que existiam dentro de mim. Ele ressignificou coisas ruins em coisas boas. Ele me fez entender que nada de ruim que acontece conosco, é sobre nós. Que é necessário passar por coisas nada agradáveis para crescermos, amadurecemos e aprendermos coisas importantes que jamais aprenderíamos somente em momentos bons. Ele também me fez entender nada de ruim que acontece conosco, é porque Ele não nos ama. E que é por causa das consequências da entrada do pecado no mundo e que esse nunca foi o plano original dEle.
Eu aprendi com Ele também que Jesus pode curar todas as nossas feridas, traumas e dores através do seu infinito amor por nós.
Eu fui entender que eu era verdadeiramente amada por Deus, independente do que eu fizesse com 29 anos de idade. Embora eu tivesse crescido na igreja, eu não conseguia sentir o amor de Deus por mim, porque os meus antes de mim também não se sentiram assim e não conseguiram transmitir o amor que todo ser humano merece receber para os que vieram depois deles também.
Eu almejava trabalhar escrevendo para grandes empresas. E Deus me fez escritora para ser instrumento de benção na vida de pessoas que são muito amadas por Ele.
Hoje eu até prefiro ficar mais sozinha no meu canto. Se eu estiver perto das pessoas fico bem, se não tiver estou bem também. Porque o amor de Deus na minha vida é maior do que o amor que qualquer outra pessoa possa ter por mim.
Dez anos separam essas duas fotos.
A esta menina de 20 anos eu gostaria de dizer: você vai cair, se levantar, chorar, sorrir, amar, se divertir, se entristecer, se decepcionar e se perder para então se encontrar.
Obrigada Deus por realizar sonhos muito maiores do que todos nós possamos imaginar.
Obrigada Jesus por seu amor, graça e infinita misericórdia por todos nós.
Texto: @giselesertao @afagodemaeoficial
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