Eu Sou filha única da Dona Elisete e do Seu Judelson.
Minha mãe é a filha caçula de 7 irmãos, estudou até a 8° série. (devido dificuldades de aprendizado ela repetiu algumas vezes). Ela é especial, e só teve um emprego temporário que possui a data de demissão, o dia do meu nascimento: 22/02/1992. Desde então ela se dedica ao seu lar.
Meu pai é o segundo filho de 6 irmãos. Estudou até a 5° série. Minha avó disse que devido um problema no olho, um médico disse que ele nunca conseguiria ter um emprego fixo, que só conseguiria trabalhar por conta própria. Mas ele trabalhou desde seus 15 anos , e se aposentou com 48 anos (sendo 30 anos de trabalho na mesma empresa).
Minha avó materna tentou impedir o casamento dos meus pais. Segundo ela, minha mãe não teria condições psicológicas para um passo tão importante. Acredito eu que foi zelo e preocupação de mãe, afinal ela conhecia as dificuldades e limitações da sua filha.
Por fim eles se casaram e um ano depois eu nasci.
Eles tiveram auxílio da família: minhas avós, e tias sempre estavam disponíveis para ajudar na minha criação.
Minha avó materna me ensinou valores cristãos, e fui apresentada no altar da igreja quando recém-nascida. Desde que me entendo por gente, eu sempre estive na casa de Deus. Dona Josefa sempre me dizia o quanto se preocupava com a minha mãe: "O que vai ser da pobrezinha Elisete quando eu não tiver mais aqui? Zelinha você vai ter que ajudar muito os seus pais. Eles só tem você de filha."
Eu era uma criança tímida na escola e por conta disso tinha uma certa dificuldade de me enturmar. Acredito que por conta disso me dedicava ainda mais aos estudos.
Meus pais nunca precisaram pedir que eu estudasse. Eu sabia que eles não conseguiriam me ajudar com as lições de casa e eu me esforçava para tirar boas notas. Lembro-me também de ter bastante auxílio de uma tia minha que era professora.
Eu gostava de escrever diários, e sempre tirava boas notas nas aulas de português.
Eu tenho formação Técnica em Nutrição e Dietética e Marketing, e sou graduada em Publicidade e Propaganda e através da maternidade que eu me descobri Escritora, me reinventei e passei a entender os planos de Deus para a mim e para a minha família.
Hoje, quando eu olho para trás, relembro de situações onde pessoas me diziam coisas ruins para me magoar: "Nossa, você parece sua mãe toda desajeitada.", ou "Você é desequilibrada igual a sua mãe", ou me olhavam com desaprovação, ou pena por não ter pais dentro dos "padrões considerados normais."
Muitos desacreditavam de mim e duvidavam do meu potencial por ser filha de quem eu era, assim como desacreditaram dos meus pais: que ela não poderia casar e ele não poderia trabalhar. Os tais estereótipos e rótulos que as pessoas insistem em nos colocar.
Hoje eu enxergo que mesmo com tantas dificuldades para conseguirem ser o suporte para a única filha que tiveram, mesmo sem dialogarem comigo sobre o que era certo e errado me ensinaram algo muito importante:
Através deles eu aprendi a ser simples, e ter um bom coração. Mas aprendi também que ter o coração bom demais é um grande perigo. Que a gente precisa aprender também a ser justo. Pois quem é bonzinho com todo mundo prejudica a si mesmo.
Hoje eu compreendo que Deus me tornou a pessoa que eu sou, por causa dos pais que Ele me presenteou, e eu tenho me orgulhado de quem eu tenho sido e dos pais que o Senhor me deu também.
Eu precisava ser a filha de duas pessoas improváveis para muitos, mas que sempre foram amadas e acreditadas por Deus. Ele os escolheu na minha vida para me ensinar valores eternos: de amor, perdão, reconciliação, generosidade, simplicidade, bondade e humildade.
Há um mês, eu ouvi da boca de uma pessoa muito especial a seguinte frase: "Eu creio no quanto Deus é bom: ele presenteou você na vida dos seus pais."
Eu me emocionei ao ouvir isso, e me peguei pensando em todas as adversidades que enfrentamos, mas que pela misericórdia de Deus nós conseguimos vencer.
"Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até o dia de Cristo Jesus"-Filipenses 1:6
Texto: @giselesertao @afagodemaeoficial
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