Pular para o conteúdo principal

Os perrengues da maternidade

    Eu já ouvi dizer que a maternidade é que nem jogo de videogame: a cada fase vai ficando mais difícil.
    Acredito que a mãe vai adquirindo confiança sobre seu próprio maternar conforme as fases vão aumentando, e às vezes isso dá a sensação de que a maternidade fique mais "fácil", mas as dificuldades estarão sempre presentes nos desafiando a superá-las.
    Os primeiros dias com o recém nascido são muito difíceis. É preciso atender o bebê de hora em hora, tem a recuperação pós parto e o puerpério. São muitas mudanças drásticas de uma só vez para que essa mãe se adapte.
    As cólicas do bebê que não passam nem com remédio, a amamentação que nos arranca lágrimas de dor, as reações das vacinas que doem mais na gente do que no nosso filho, as noites em claro, as febres e resfriados, a fase das birras e os choros por qualquer motivo que nos tiram a paciência, e tantos outros perrengues inevitáveis de fases futuras que toda mãe há de enfrentar.
    Vai ter dias que se sentirá uma péssima mãe por ter tentado de tudo o que estava ao seu alcance e ainda assim não ver o resultado que gostaria.
    Vai haver momentos de choro, de solidão, de tristeza e que talvez você se pergunte: " O que eu fiz da minha vida.?" , e logo em seguida vai se arrepender e sentir culpa por ter pensado isso, afinal, embora a maternidade sugue toda sua energia foi por causa dela que você gerou e pode sentir o amor mais genuíno que existe.
    Essa maternidade que a gente tem sempre a esperança de que fique mais "fácil" , mas que nos deixa de cabelo branco e aumenta nossas marcas de expressões pelo rosto.
    Essa maternidade que é tão cheia de perrengues, mas que também é capaz de nos transformar em uma mulher extraordinária.
    Aquela que enfrenta qualquer obstáculo para ver seu filho bem, aquela que faz por ele muito mais do que faria por si mesma.
    Aquela que é capaz de cessar choros de tristeza, de curar ralados de machucados, de afastar todo o medo do escuro e de ser porto seguro para o aquele que a transformou em sua melhor versão chamada: mãe.


Arte:  joolsannie



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

É preciso conhecer a fome para saber descrevê-la”.

     Passando pelo bairro São Mateus, na zona leste de São Paulo, avistei a ocupação Maria Carolina de Jesus. Lembrei-me imediatamente da realidade sofrida por Dona Carolina. Eu a conheci através de seu livro: Quarto de Despejo- o diário de uma favelada no início deste ano.      Conheci de perto  através de Carolina  uma das piores mazelas deste mundo: a fome. Essa  era sua companheira diária. Era também o motivo dela trabalhar catando papel fizesse sol ou chuva para que seus meninos pudessem se alimentar.   Ela era uma crítica assídua dos governantes que pouco faziam pelos mais desfavorecidos: “O que eu aviso aos pretendentes a política, é que o povo não tolera a fome. É preciso conhecer a fome para saber descrevê-la”.   De alma poeta, ela escrevia sobre a miséria dos favelados, ela odiava os políticos pois eles sempre prometiam mundos e fundos nas eleições e depois que ganhavam desapareciam, deixando assim os pobres a  ver navios.    Ela dizia: “O Brasil precisa ser dirigido por uma

"Mamãe, você compra um amigo pra mim?"

  Meu filho tem 4 anos e adora brincar com os amiguinhos da escola. Um dia desses ele me fez uma pergunta inusitada: "Mamãe, você compra um amigo pra morar aqui com a gente e brincar comigo?".  Eu lhe expliquei que amigos a gente não compra, que precisamos conquistar os amigos e que logo ele iria ver os amiguinhos da escola. Lembrei -me da seguinte frase do pequeno príncipe: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas." Amigos são jóias raras que conquistamos ao longo da vida. E para que a amizade dure é necessário regar e cuidar com muito afeto. É de nossa responsabilidade manter essa amizade com todo amor e carinho que ela merece. E você já conquistou muitas amizades até aqui? O que tem feito para que elas prevaleçam?  Quem tem um amigo tem tudo ❤️ Texto: @giselesertao @afagodemaeoficial

Sobre o meu processo de internação em uma clínica psiquiátrica

 Eu sempre fui uma pessoa responsável. Eu sempre agi de forma consciente com as minhas atitudes para que elas não impactassem negativamente o meu semelhante. Eu sempre estudei, trabalhei e nunca subi em ninguém pais crescer sua vida. Eu nunca gostei de puxar saco de superiores para conseguir vantagens. Eu também nunca forcei amizades para conseguir privilégios. Eu sempre fui uma pessoa sincera e agi com reciprocidade e responsabilidade afetiva nas minhas relações. Eu sempre fui verdadeira e me frustrava  quando encontrava relações rasas ou fingidas seja na escola, nos empregos ou na parentela. Eu estava fazendo terapia há 3 anos, lendo livros, fazendo cursos e cuidando da minha saúde mental. E ainda assim há um mês atrás eu tive um surto psicótico grave.  A minha mente entrou em parafuso  com tantas informações e situações adversas. Eu entrei em um mundo paralelo e não conseguia conversar nem enxergar nada na minha frente com racionalidade. Eu me transformei em uma pessoa totalmente de