Sobre o autismo:
Trata-se de uma síndrome, não de uma doença, pois é um conjunto de comportamentos, não uma entidade biológica conhecida. A síndrome abrange um grupo altamente variável de sintomas e comportamentos, e pouco sabemos sobre onde ela se localiza no cérebro, por que ocorre ou o que a desencadeia. Não temos como mensurá-la, a não ser por suas manifestações externas.
Principais sintomas:
Falta ou atraso na fala; comunicação não verbal deficiente; movimento repetitivo, inclusive agitação dos braços e outros comportamentos auto estimulantes; contato visual mínimo; pouco interesse por amizades; falta de brincadeiras espontâneas ou imaginativas; empatia, insight e sociabilidade prejudicados; capacidade de reciprocidade emocional reduzida; rigidez; interesses altamente focados; fascínio por objetos como rodas girando e coisas brilhantes.
A dicção das pessoas autistas que falam pode carecer de entonação e, muitas vezes, elas falam com os outros demorada e repetidamente sobre seus objetos prediletos. São comuns os rituais alimentares e uma dieta muito limitada. Os indivíduos com autismo podem ser muito sensíveis à sobrecarga sensorial de espaços cheios de gente, de contato humano, de luzes fluorescentes ou oscilantes e de barulho. Muitos acham insuportáveis pequenos incômodos como etiquetas de roupa. É frequente ficarem desconcertados com coisas que agradam à maioria das outras pessoas.
Possíveis causas:
O autismo pode ser genético, determinado por novas mutações espontâneas ou hereditárias; têm forte correlação com a idade paterna, possivelmente devido a mutações germinativas de novo que ocorrem de modo espontâneo no esperma de pais mais velhos.
Num estudo recente, a taxa de autismo quadruplicou quando os pesquisadores compararam o país na faixa dos trinta anos com outros na faixa dos vinte, e parece ser mais drástica a situação dos pais em estágios posteriores da vida.
Os pesquisadores também conjecturam que o autismo seja causado por incompatibilidades genéticas entre mãe e filho que se desenvolvem durante a gestação.
Tratamento:
Não há tratamento para a configuração neurológica atípica que caracteriza o autismo, mas é possível educar a criança autista, ministrar-lhe remédios ou fazer modificações dietéticas ou de estilo de vida capazes de aliviar a depressão, a ansiedade e os problemas físicos e sensoriais que a afetam.
Como escreveu Bryna Siegel, psicóloga da Universidade da Califórnia em San Francisco, em Helping Children with Autism Learn [Ajudando crianças com autismo a aprender], "o quadro do tratamento do autismo complicado pelo fato de haver muitas perspectivas diversas pelas quais encarar o tratamento: desenvolvimentista, comportamental, educacional, cognitiva e médica. Os profissionais dessas diferentes perspectivas em geral não entendem o vocabulário uns dos outros".
Estigma sobre o autismo:
O clichê em torno do autismo diz que a síndrome tolhe a capacidade de amar, e iniciei esta pesquisa interessado em saber em que medida um pai ou mãe pode amar o filho incapaz de lhe retribuir esse afeto.
Amar uma criança que não reflete nosso amor cobra um preço mais terrível que outro amor. Contudo, a maior parte das crianças autistas, apesar da reputação da síndrome, desenvolve, sim, apegos pelo menos parciais a outras pessoas, ainda que depois de um bom tempo.
Há outra maneira de enxergar o autismo. Sob o estandarte da neurodiversidade, certas pessoas, muitas no espectro autista, declaram que o autismo é uma identidade rica, ainda que também seja uma deficiência." A tensão entre identidade e doença é comum na maioria das enfermidades descritas neste livro, mas em nenhum outro exemplo o conflito é tão extremo.
Autismo na perspectiva de identidade:
Jim Sinclair, um adulto autista e fundador da Rede Internacional do Autismo, escreveu: O autismo é uma maneira de ser. Não é possível separar o autismo da pessoa -e, se fosse possível, a pessoa que você deixaria não na mesma com que começou".
"Os pais de autistas precisam ser sensatos no que se refere ao que os filhos podem ou não podem fazer, e não devem esperar que eles venham a ser 'normais'. As pessoas autistas são preciosas assim como são. Não têm valor só se puderem se transformar em pessoas menos obviamente autistas."
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Texto: @giselesertao @afagodemaeoficial
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