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Eu me perdi, para então me reencontrar

   Quando eu me tornei mãe minha auto estima desapareceu. As olheiras tomaram conta do meu rosto, os cabelos caíram muito por conta da amamentação e as unhas sempre ficavam por fazer. Eu evitava me olhar no espelho, pois era difícil enxergar a mulher que eu sempre fui até a maternidade chegar.

  Além da falta de tempo para cuidar de mim, me senti perdida da minha própria identidade. Já não sabia ao certo quem eu era já que tudo se resumia a cuidar do meu filho. Não havia mais espaço pra fazer minhas coisas, ver meus amigos e ter autonomia de ir e vir sozinha para qualquer lugar que fosse.     Quando eu estava conseguindo ficar bem comigo mesma, meu bebê tinha 6 meses e a pandemia chegou para adiar ainda mais esse processo de me sentir 100% eu novamente. Em um mundo caótico cheio de incertezas eu me senti muito mais insegura e amedrontada.
   Mesmo gostando de ser mãe e cada dia mais encantada pelo meu filho, eu me senti estagnada e sem perspectivas de futuro em muitos momentos. A terapia me ajudou a ressignificar muitas questões internas. Foi em uma sessão que lembrei meu gosto pela escrita que até então nunca havia sido de fato colocado no papel.    Passei a me enxergar sob uma nova perspectiva. Não me via mais somente como a mãe do Gabriel e sim uma mulher que estava resgatando seus sonhos. Percebi então que a maternidade não me paralisou, muito pelo contrário, foi através dela que eu me redescobri como pessoa.
   Eu precisei me perder primeiro para então me reencontrar e me amar ainda mais nesta nova versão mais forte e amadurecida.
   Talvez você seja uma recém mãe que se sente perdida e até pense que não há mais novos sonhos para você além da maternidade. Eu sei o quanto é difícil esse processo, mas acredite que essa intensidade dos primeiros meses com seu bebê vai passar.    Logo você irá se reencontrar e não trocará essa sua nova versão por nenhuma outra que algum dia já existiu.

Você é uma mulher incrível.

Você pode realizar coisas extraordinárias.

Acredite em você.


 Texto:  @giselesertao @afagodemaeoficial 




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