Quarto de Despejo: Diário de uma favelada é uma obra de fatos reais sobre a vida de Carolina Maria de Jesus, solteira, mãe de 3 filhos que estudou somente até o segundo ano do ensino fundamental, e que escrevia em seus cadernos a realidade vivida na comunidade.
A edição respeita a linguagem da autora, que contraria a gramática correta devido seu pouco grau de instrução. A sua escrita traduz com realismo a forma dela enxergar e se expressar no mundo. Dona Carolina retrata a sua realidade cotidiana vivida na comunidade com uma incrível força narrativa. Apesar da sua vida sofrida de catadora de papel, ela encontrava ânimo para descrever a sua visão de mundo poética através da sua intimidade com o papel e a caneta.
Carolina era apaixonada por Literatura, e ela conseguia se expressar de forma leve e debochada sobre as suas próprias dificuldades: “Quando eu não tenho o que comer ao invés de xingar ou pensar na morte, eu escrevo. Todo dia eu escrevo.”
Um dia lhe perguntaram sobre o que se tratava o que ela escrevia e ela respondeu: “Que é realista.” e lhe disseram: “Não é aconselhável escrever a realidade.” Carolina sempre teve convicção do que queria dizer: “Há de existir alguem que lendo o que eu escrevo dirá... isto é mentira! Mas, as miserias são reais.” Dizia também: “Este Diário se for publicado vai maguar muita gente”.
E ela estava certa, seu livro foi criticado por muita gente “intelectual” da época que não se conformava em como uma negra favelada podia ter uma obra Best Seller em vendas no Brasil e no Exterior.
Carolina quebrou paradigmas em uma sociedade que julga a cor da pele e ao invés de incentivar o acesso à cultura para os menos favorecidos faz questão de "determinar" que não podem chegar a lugar nenhum.
E ela chegou aonde muitas pessoas “letradas” e que se consideram melhor que os pobres favelados nunca conseguirão chegar.
Livro: Quarto de Despejo: Diário de uma favelada
Autora: Carolina Maria de Jesus
Editora: Ática
N° de páginas: 191
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