Pular para o conteúdo principal

Gentileza gera gentileza

    Um dia desses enquanto aguardava  a minha vez  no consultório médico, vi um menino de uns 11 anos fazendo birra  com a sua avó. Ele dizia que não queria ir ao médico de jeito nenhum. A senhora tentou convencê-lo a entrar inutilmente, até que ela perdeu a paciência e começou a berrar com o neto, e a situação só piorou.  Todos olhavam torto e julgavam o comportamento inadequado da criança.

   Ao passar  por eles, na hora de ir embora, algo me disse para tentar ajudá-los. Eu perguntei ao garotinho porque ele não queria ir ao médico, ele disse que não gostava e que era muito chato. Com muita tranquilidade, eu fiquei uns 10 minutos tentando convencê-lo a entrar. Eu lhe disse que a avó dele queria seu bem, que o médico estava ali para ajudá-lo. Aos poucos ele se acalmou e aceitou entrar e pediu desculpas para a sua  avó. Me agradeceram pela ajuda e logo vim embora.

 Acredito que se essa situação tivesse acontecido antes de eu ser mãe, muito provavelmente eu teria passado reto, pois pensaria que o problema não era meu, ou que talvez eu nem teria como ajudar.
 Eu consegui ter empatia por aquela senhora,  porque eu vivencio muitas situações similares a esta com meu filho. Me vi pensando na postura dela,  e que  há um tempo atrás antes de ser mãe eu provavelmente teria esta mesma conduta um pouco fora de controle em meio a um conflito. A maternidade tem me ensinado a pensar bem antes de agir, algo que era muito difícil para mim, já que eu era muito estressada e impulsiva.
 Todos nós temos  defeitos, porém eles não  determinam de fato quem nós somos. Com muita força de vontade, acredito que todos podemos melhorar algo que atrapalhe nosso convívio com os demais, eu sou a prova viva disso, e tenho muito ainda o que melhorar com toda certeza.

 Se ao invés de julgarmos o comportamento “inadequado” de determinada criança ou qualquer outra pessoa, por exemplo, nos dispusermos a ajudar, isso fará toda a diferença na vida de quem está passando por alguma situação conturbada pode acreditar. 

 Gentileza gera gentileza, e isso a gente só aprende na prática. Que tal exercitarmos isso quando tivermos a oportunidade?


Imagem: Shutterstok



Comentários

  1. Incrível como um simples gesto pode transformar vidas, todos nós temos a possibilidade de mudar o dia de alguém, basta querer!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

É preciso conhecer a fome para saber descrevê-la”.

     Passando pelo bairro São Mateus, na zona leste de São Paulo, avistei a ocupação Maria Carolina de Jesus. Lembrei-me imediatamente da realidade sofrida por Dona Carolina. Eu a conheci através de seu livro: Quarto de Despejo- o diário de uma favelada no início deste ano.      Conheci de perto  através de Carolina  uma das piores mazelas deste mundo: a fome. Essa  era sua companheira diária. Era também o motivo dela trabalhar catando papel fizesse sol ou chuva para que seus meninos pudessem se alimentar.   Ela era uma crítica assídua dos governantes que pouco faziam pelos mais desfavorecidos: “O que eu aviso aos pretendentes a política, é que o povo não tolera a fome. É preciso conhecer a fome para saber descrevê-la”.   De alma poeta, ela escrevia sobre a miséria dos favelados, ela odiava os políticos pois eles sempre prometiam mundos e fundos nas eleições e depois que ganhavam desapareciam, deixando assim os pobres a  ver navios.    Ela dizia: “O Brasil precisa ser dirigido por uma

"Mamãe, você compra um amigo pra mim?"

  Meu filho tem 4 anos e adora brincar com os amiguinhos da escola. Um dia desses ele me fez uma pergunta inusitada: "Mamãe, você compra um amigo pra morar aqui com a gente e brincar comigo?".  Eu lhe expliquei que amigos a gente não compra, que precisamos conquistar os amigos e que logo ele iria ver os amiguinhos da escola. Lembrei -me da seguinte frase do pequeno príncipe: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas." Amigos são jóias raras que conquistamos ao longo da vida. E para que a amizade dure é necessário regar e cuidar com muito afeto. É de nossa responsabilidade manter essa amizade com todo amor e carinho que ela merece. E você já conquistou muitas amizades até aqui? O que tem feito para que elas prevaleçam?  Quem tem um amigo tem tudo ❤️ Texto: @giselesertao @afagodemaeoficial

Sobre o meu processo de internação em uma clínica psiquiátrica

 Eu sempre fui uma pessoa responsável. Eu sempre agi de forma consciente com as minhas atitudes para que elas não impactassem negativamente o meu semelhante. Eu sempre estudei, trabalhei e nunca subi em ninguém pais crescer sua vida. Eu nunca gostei de puxar saco de superiores para conseguir vantagens. Eu também nunca forcei amizades para conseguir privilégios. Eu sempre fui uma pessoa sincera e agi com reciprocidade e responsabilidade afetiva nas minhas relações. Eu sempre fui verdadeira e me frustrava  quando encontrava relações rasas ou fingidas seja na escola, nos empregos ou na parentela. Eu estava fazendo terapia há 3 anos, lendo livros, fazendo cursos e cuidando da minha saúde mental. E ainda assim há um mês atrás eu tive um surto psicótico grave.  A minha mente entrou em parafuso  com tantas informações e situações adversas. Eu entrei em um mundo paralelo e não conseguia conversar nem enxergar nada na minha frente com racionalidade. Eu me transformei em uma pessoa totalmente de